Relação entre armário e consumo muda durante a pandemia e propõe reflexão
Depois dos últimos posts em que foi abordada a nossa relação com o armário nessa quarentena, tenho recebido mensagens e feedbacks que mostram que nunca estivemos tão atentos aos nossos excessos.
A pandemia e seu necessário confinamento têm mostrado que precisamos de muito menos para viver e feito muita gente repensar as relações com o consumo. Afinal, o momento pede atenção ao que é essencial — e nada mais.
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Se o ato de vestir cumpre um papel nas relações sociais, a suspensão (mesmo que temporária) dessa convivência e troca diária, seja no trabalho ou no lazer, acendeu um sinal de alerta.
Por quê e para que eu me visto? Tudo o que eu tenho dentro do guarda-roupa assume qual função nesse novo formato? Será que eu preciso ter tanto? Ou poderia escolher melhor e ter menos?
Além disso, algumas questões sobre a cadeia produtiva e a ética desse segmento ganharam força. Quem produz as minhas roupas? Estou colaborando para sustentar que tipo de sistema? Há um equilíbrio entre todas as peças desse jogo?
As respostas para essas questões mostram que o consumidor busca saídas mais conscientes e sustentáveis para o que consome. Sabemos que não é de hoje. Mas, com a imposição de um novo "normal" às pressas, as mudanças (tanto de pensamento como de atitudes) parecem ter ficado ainda mais urgentes.
Quem nunca sentiu aquela sensação de "não ter roupa", mesmo tendo um guarda-roupa cheio à sua frente? Isso porque compramos sem propósito, por impulso, grande parte das vezes. Estamos tão imersos em nossas rotinas, ligados no piloto automático, que usamos nosso armário como um depósito. Não apenas de peças e acessórios, mas também de emoções.
Estamos felizes com uma promoção no trabalho? Compramos. Ficamos tristes com um término de relacionamento? Compramos. Como uma válvula de escape, abrigamos ali nossas inseguranças e incertezas que, na maioria das vezes, culminam no acúmulo. O comprar anda de mãos dadas com nossas alegrias e frustrações — e isso não é nem de longe saudável.
Inevitavelmente, quem se propõe a repensar sua imagem nesse momento de quarentena se depara com essa realidade, que sempre esteve ali, mas que a nebulosidade da "vida corrida" tentava tapar.
Consumo consciente não deve ser encarado como mais uma expressão que está na moda. Deve ser praticado nas escolhas que fazemos independentemente do bom ou mau humor do dia.
O período é de grandes incertezas, seja para as marcas, seja para os consumidores. Todos estão aprendendo a lidar com algo totalmente novo, que apareceu sem aviso prévio.
Será que ainda é cedo para dizer que sairemos diferentes de tudo isso? Ou novos paradigmas vieram mesmo para ficar?
Fica aqui um convite para a reflexão.
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