Consumo consciente: 5 perguntas para fazer antes de comprar uma roupa nova
Consumo consciente não deve ser só uma expressão que está na moda. Para ter valor e surtir efeito, precisa ser exercido em nossos hábitos diários. Cada vez mais é necessário levar em conta o custo ambiental, bem como o social e o humano, daquilo que resolvemos comprar.
Você sabia que a humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra? Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, se os padrões de consumo e produção se mantiverem no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender nossas necessidades.
Todos os dias somos seduzidos a comprar. Com roupas e acessórios, então, a velocidade com que a moda se reinventa, chega até as vitrines e pede licença para entrar no nosso armário e nos nossos looks é assustadora. Se antes as coleções duravam uma estação, pelo menos, hoje em dia tem marca que se atualiza por mês – ou até por semana! Aquela sensação de estar desatualizado nunca esteve tão presente no quesito vestir – e nunca de forma tão rápida e reincidente. Com isso, fica latente toda a questão das relações de consumo da sociedade.
Se esse assunto faz diferença pra você, não precisa ser nenhum ativista ambiental ou especialista em sustentabilidade para fazer a sua parte. Para ajudar, separei 5 perguntas que devemos fazer antes de comprar peças ou acessórios novos e, como consequência, ser mais generoso e responsável com o nosso planeta.
1. Estou precisando?
Parece óbvio, mas nem tanto. O ato de comprar já anda distante da necessidade faz um bom tempo. Na questão do vestuário, a variedade é tanta, a informação é tanta, que faz a gente se sentir excluído se não tem o tal sapato-desejo, ou a bolsa tem-que-ter. Mas a verdade é que, se você se conhece bem, vai entender que nem tudo o que está na moda é pra você! E mesmo se for, será que preciso daquilo agora? Será que preciso daquela blusa preta com apenas um detalhe na manga diferente de uma outra que eu já tenho? Será que se eu usar um acessório diferente já não dou uma cara nova para o meu look, sem precisar comprar outra? É legal você parar pra pensar se está comprando por impulso, porque está com desconto, porque dá pra parcelar, porque a amiga tem, ou se realmente aquilo vai fazer diferença no seu guarda-roupa. Sempre tenha em mente a questão da versatilidade de uma peça: será que já esgotei todas as possibilidades ou ainda tenho formas diferentes de usá-la? Fazendo essa reflexão podemos descobrir se a compra está sendo uma fuga para inseguranças ou problemas que você está enfrentando. Comprar consciente traz resultados benéficos não só pra você, mas pra tudo e todos que estão ao seu redor – e ninguém vive numa bolha, certo?
2. Vale o que custa?
É difícil com uma simples olhada – no máximo uma prova – avaliarmos se o custo de uma peça ou acessório é justo ou não. Isso envolve matéria-prima, mão de obra, logística, a questão da marca e mesmo a relação que cada um tem com o dinheiro. Mas, como levantar todas essas informações não é tão fácil, uma pesquisa de preços já ajuda e é sempre válida. Por que essa camisa custa o dobro de uma outra bem similar em outra loja? Pode ser que seja confeccionada em um tecido mais nobre, tenha algum detalhe diferenciado de acabamento, uma modelagem que é para poucos, etc. Mas também pode ser que não tenha nada demais! O contrário também é válido: por que essa camisa custa metade do preço da outra? O material tem qualidade muito inferior? Como será o processo de confecção? Onde e como essa peça é fabricada? Perguntar e pesquisar nunca é demais – e não ofende. É seu direito e dever saber mais sobre a procedência do que vai adquirir. Outro fato a ser levado em consideração é o objetivo da compra: pelo que custa e pelo que vou usar, esse produto se paga? Quanto vou conseguir usufruir para valer o que paguei? Não precisa usar nenhuma calculadora para fazer os cálculos, lógico. Mais uma vez, é só uma questão de consciência e responsabilidade pelo que se está comprando.
3. Quantas combinações posso fazer?
É essencial fazer "looks mentais" com a peça quando estiver experimentando. Na consultoria de imagem, costumamos trabalhar com um lema: "é preciso montar no mínimo 3 looks com uma peça pra ela ser vantajosa no guarda-roupa". Eu vou além e digo que precisa montar uns 5! Uma boa peça tem que ser versátil e multiplicar seu poder de uso. Uma camisa branca pode ser usada com alfaiataria para o trabalho, com uma minissaia de couro para a balada e com um shorts jeans para o churrasco do fim de semana! Um tênis pode ser usado na aula de ginástica, em um look para viajar e num ambiente de trabalho mais informal. Esse deve ser o pensamento na hora da compra: como e quando vou usar isso? Se escolher, por exemplo, uma saia texturizada que só – e somente só – você conseguir usar com uma blusa preta, talvez seja melhor optar por outra peça. Ah, mas você está morrendo de amores e não vai conseguir dormir se não levar? Então bote a criatividade pra trabalhar! Roupa parada no armário é desperdício de energia e de dinheiro. Faça valer a pena!
4. É atemporal ou da moda?
De 50 a 60% do nosso guarda-roupa deve ser de peças atemporais, contra 20% de "modinhas"! O restante fica por conta dos acessórios! Isso se a sua ideia é ter um armário prático e organizado, que jogue a seu favor e do planeta. Se a sua praia é acumular pertences, fique à vontade para fazer compras uma vez na semana ou mais. Só que é preciso ter em mente que você está nadando contra a maré. Aqui entra bastante o conceito de quantidade x qualidade. Com o valor de 3 peças mais simples geralmente dá pra comprar uma peça mais elaborada, não dá? Será que não está na hora de você fazer essa reavaliação? Um guarda-roupa bem montado é mais produtivo e facilita a vida de qualquer um! Horas na frente do espelho sem saber o que vestir e aquela sensação clássica de que "não tenho roupa" podem ser sinais de que algo não está funcionando bem na sua relação com seu guarda-roupa. Eu me arrisco a dizer que podem ser as suas escolhas. A meta é comprar bem para comprar menos e sempre (que for necessário!)
5. Experimentei? Vestiu bem? Me valoriza?
A menos que seja uma peça ou acessório que só esteja disponível online, a recomendação é experimentar. Sempre. Tem aqueles que entendem muito bem o corpo que têm, possuem medidas bem definidas, que pouco oscilam, e são certeiros na compra online ou à distância. Ou já estão acostumados com uma marca específica, com a modelagem e a numeração, e podem se dar a esse luxo. Mas, não estamos falando da maioria. Nada substitui aquele contato no provador, aquela troca de olhares com o espelho. Só assim é possível pegar na peça, sentir a textura, ter o contato com a pele, avaliar a modelagem no corpo, se valoriza os pontos fortes, camufla os fracos, qual a sensação ao vestir ou calçar aquilo. A compra presencial ainda é a grande aliada da prática do consumo consciente. É o melhor caminho para se ter certeza de que aquela aquisição é assertiva e vai fazer diferença no seu armário, no seu look e, porque não, na sua vida! O comércio online evoluiu bastante, com políticas de troca que facilitam a vida do consumidor. Se você se adapta bem a essa metodologia de compra, ok, siga em frente. O objetivo aqui não é demonizar nenhuma prática, é só levantar prós e contras e provocar a reflexão sobre nossos hábitos: pequenas mudanças em nosso dia-a-dia podem ter grande impacto no futuro, mas o consumo consciente é uma contribuição voluntária de cada um.
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